sexta-feira, 1 de julho de 2011

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Impressões Digitais: Você acha que o graffiti entrando nas galerias de arte pode se descaracterizar como arte de rua?

Narcélio: Não é que não descaracterize. Porque são dois ambientes diferentes. A rua é rua. Na rua você tem aquela coisa do “você fez, já não é mais seu”. Quem quiser, chega, picha em cima, cola um cartaz e já foi. Uma galeria é um espaço que as pessoas já entram com um olhar mais crítico, mais direcionado. Já entram mais pra sentir uma outra coisa. Na galeria você tem outra atmosfera. Você tem um ambiente que é onde você pode. O graffiti é uma linguagem a mais que entra na galeria, sabe? Não se descaracteriza. É que os “tradicionais” daqui se põem como “entrou pra galeria, não é mais grafiteiro”.

Aí essa galera eu vejo no programa de forró que passa duas horas da tarde. Como é que uns bichos desses abrem a boca e dizem que um grafiteiro que entra numa galeria deixa de ser grafiteiro e eles tão num programa de forró? E aqueles forrós bregas, desculpa se vocês gostam... Aqueles forrós nojentos, que só falam de putaria, e as mulhezona lá, sabe? É um negocio nojento e os caras lá, grafitando! Aí eu [pensei]“porra, uma galeria tem muito mais a oferecer do que isso”.

ID: Ainda existe muito preconceito com o graffiti. Como ampliar o debate com a sociedade? Qual o papel que a Prefeitura está desempenhando em Fortaleza?

Narcélio: Cara, existe essa lei agora da cidade limpa, né? Querem fazer como fizeram em São Paulo. Porque em São Paulo eles apagaram o graffiti e a população ligou pra Prefeitura. Aí chamaram os grafiteiros, pagaram cachê, pagaram a tinta de novo, pra refazerem os graffitis lá. Isso eu achei legal. A população que pediu de volta. Então, sempre vai ter os que não curtem. Na maioria das vezes, quando eu tô pintando, as pessoas chegam e [dizem] “pô, que legal”. Não tô dizendo: “ah, eu sou bom”, não! Mas é que, na maioria das vezes, as pessoas chegam com aceitação, sabe? De vez em quando passa um [falando] “pichador! Baitola!” [risos] É Ceará, né? Sempre tem isso aí. Mas, no geral, eu vejo como hoje é muito tranquilo.

ID: A arte de rua, em especial o graffiti, ajuda a humanizar o espaço urbano. Como você avalia o papel do graffiti na questão da afetividade com a cidade?

Narcélio: O graffiti, como linguagem na rua, a coisa do sensibilizar, isso precisa muito. Eu te digo que as pessoas que passam por dia nessa avenida aqui [Av. 13 de Maio] é o dobro do que a exposição mais visitada que já houve lá no [Centro Cultural] Dragão do Mar.
Então, a rua é uma super galeria, né? E é muita publicidade. Você tá no sinal, vêm dez panfleteiros. Você olha pros lados tudo é outdoor. É divulgação de festa, divulgação de produto, é tudo. E acaba que vira um excesso de informação.

O graffiti vem mais trabalhando o lúdico, realmente. É difícil você ver um graffiti com uma pintura tradicional. Até a gente vê um retrato de uma pessoa, mas geralmente é um boneco com duas cabeças. [Tem também]a questão da cor, da estética. Então, traz um universo de encantamento, lúdico, de sonho. E eu acho que a cidade precisa disso. A coisa do tá pintando. Eu acho interessante também a questão de que é meio uma performance. O tá pintando e o contato quando o público passa e fala alguma coisa. De parar pra ficar olhando. Às vezes, dá pitaco

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