Missa de Alanis comove multidão no local do rapto
Por Crato NotíciasUma multidão, calculada em cerca de três mil pessoas, se mobilizou, ontem, para prestar homenagem à menina Alanis Maria Laurindo, 5 anos, raptada, violentada e assassinada, há uma semana, em um terreno baldio no bairro Antônio Bezerra (Zona Oeste da Capital). A missa de Sétimo Dia em sufrágio da alma da garota aconteceu na Igreja Matriz do Conjunto Ceará, exatamente no mesmo local de onde a menina foi levada pelo criminoso.
A concentração de pessoas nas imediações do templo teve início ainda no fim da tarde e, por volta das 19 horas, o local estava tomado pela multidão. A maioria das pessoas vestia roupa branca e muitas levaram flores, cartazes com fotos da menina, além de faixas pedindo paz, fim da violência no Estado. Outras preferiram mostrar indignação e pedir justiça, condenação e até pena de morte para o acusado do crime, o então fugitivo da Justiça, Antônio Carlos dos Santos Xavier, o ´Casim´.
Reconhecimento
No dia seguinte à prisão do acusado, a Polícia continuou o seu trabalho de investigação mesmo após ´Casim´ ter confessado o crime, oferecendo detalhes de como raptou e matou Alanis. Uma nova onda de boatos dominou o prédio da Superintendência da Polícia Civil, no Centro, onde ele está recolhido numa cela isolada do Departamento de Inteligência Policial (DIP).
A transferência do acusado para o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza), deverá acontecer ainda hoje. A Polícia vai cumprir a determinação do juiz da Vara das Execuções Criminais, Corregedoria dos Presídios e Habeas Corpus, Luiz Bessa Neto, que, anteontem, expediu um novo mandado de prisão contra o estuprador.
Durante todo o dia, o delegado presidente do inquérito, Lira Ximenes, titular do 12º DP (Conjunto Ceará), permaneceu na sede do DIP, onde ouviu mais testemunhas do caso. O procedimento de reconhecimento do acusado foi feito de forma sigilosa, sem que a Imprensa tivesse acesso a qualquer ato da investigação. O próprio superintendente da Polícia Civil, delegado Luiz Carlos Dantas, se encarregou de dar entrevistas aos jornalistas e disse apenas que o acusado do crime estaria recolhido em “um lugar seguro”.
Até o começo da noite passada, o acusado permanecia numa cela separada dos demais presos e negou ter ido ao velório da menina, contrariando uma tia de Alanis, que garantiu em entrevista a uma emissora de TV local a presença do acusado no velório. “Ele estava lá sim, e foi várias vezes onde estava o caixão com o corpo”.
Desde a sua prisão, na manhã de anteontem, no Terminal do Siqueira, o acusado passa a maior parte do tempo em silêncio e não recebeu visitas.
O irmão dele, que também havia sido preso como o primeiro suspeito do crime, já foi transferido para a Delegacia de Capturas e Polinter (Decap), pois contra ele havia um mandado de prisão preventiva em aberto. O irmão de ´Casim´, Francisco Charles dos Santos Xavier, também responde inquérito por crime de estupro.
População
Ontem, não foi registrado um movimento tão intenso de pessoas em frente ao prédio da Superintendência, como na manifestação realizada horas depois da prisão. Contudo, no momento em que algumas emissoras de TV faziam transmissões ao vivo do local, populares se reuniram para protestar. Muitos populares chegaram a gritar por justiça.
Com a confissão do acusado, o reconhecimento dele através das testemunhas e a decretação de sua prisão, a Polícia acredita que, ainda esta semana, seja encerrada busca por provas, restando aguardar somente a conclusão dos laudos de perícia, entre eles, o que vai apontar a causa da morte da menina.
Hoje à tarde, o juiz Luiz Bessa Neto dará entrevista coletiva à Imprensa, no Fórum Clóvis Beviláqua, sobre o caso. Quando fugiu, em maiso de 2008, da Colônia Agro-Pastoril do Amanari, em Maranguape, o acusado do crime cumpria pena em regime semiaberto, apesar de condenado a 23 anos de prisão.
Fernando Ribeiro/Emerson Rodrigues
Antônio Carlos dos Santos Xavier, conhecido como ‘Maníaco do Canal’, acusado de raptar e matar a pequena Alanis Maria (5), rompeu o silêncio e falou pela primeira vez sobre o caso. Em entrevista exclusiva à TV Jangadeiro, ele revelou pontos surpreendentes: o crime teria sido encomendado por três pessoas; ele apenas levou a criança da igreja do Conjunto Ceará até o matagal, pois receberia R$ 5 mil pelo serviço.
O motivo do rapto de Alanis seria para obter dinheiro de um familiar de Alanis, que estaria devendo R$ 15 mil para as pessoas que encomendaram o crime. Na entrevista ao jornalista Chagas Vieira, o ‘Maníaco do Canal’ disse que não pode revelar o nome dos envolvidos para preservar a namorada dele. Ele chegou a chorar durante a conversa e comentou que não mereceria estar vivo.
O rapto
Antônio Carlos disse que foi à missa com o propósito de pegar a criança. Ele não conhecia Alanis Maria, mas recebeu a confirmação de um homem que estava do lado de fora da igreja do Conjunto Ceará. Ele não revela quem é essa pessoa.
Ele lembrou que sentou do lado de fora da igreja e ficou comendo pipoca. Segundo Antônio Carlos, Alanis estava brincando com duas meninas e veio na direção dele. O maníaco teria oferecido pipoca e a criança aceitou a oferta.
Depois disso, ele chamou Alanis para ir ao pólo de lazer do Conjunto Ceará para passear. A criança teria falado que os pais brigariam com ela, mas ele disse que não. Ela acabou cedendo. Ele, então, pegou uma moto com a criança e saiu do bairro.
Logo em seguida, o acusado abandonou a moto, pegou um transporte alternativo com a garota, descendo na avenida José Bastos e pegando um carro até o Montese.
Ele disse ter ficado esperando uma ligação do celular para levá-la até o terminal do Antônio Bezerra. De lá pegou o ônibus da linha Paranjana e desceu no matagal. Nesse momento, Antônio teria entregue a menina para outro homem, que teria cometido o crime. Ele teria decidido matá-la após não ter conseguido o dinheiro de um parente da vítima.
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